Suspense na medida certa
Raros são os filmes que me deixam "com a pulga atrás da orelha", aquele leve desconforto de levantar do sofá e andar no escuro até o banheiro. Contatos de Quarto Grau (EUA, 2009, "The Fourth Kind") é uma dessas pérolas.
Ficha técnica
Título Original: The Fourth Kind
País: EUA
Ano: 2009
Diretor: Olatunde Osunsanmi
Roteirista: |
Elenco: Milla Jovovich, Elias Koteas, Hakeem Kae-Kazim
Pontos positivos
+ Legitimamente assustador
+ Bom ritmo no desenrolar da história
Pontos negativos
- Não atende aos espectadores mais céticos
|
Enredo
"O Quarto Grau" se refere à escala de contatos imediatos com extraterrestres, expandida pelo Doutor J. Allen Hynek. De acordo com a escala, o quarto grau é descrito por uma abdução. O filme se passa na pequena cidade de Nome, no Alasca e conta a história de uma psicóloga, Dra. Abigail Tyler (Milla Jovovich). Abigail perdeu seu marido, também psicólogo, em um estranho incidente.A história acontece principalmente durante sessões de terapia, em que os pacientes da doutora relatam experiências confusas. São exploradas também as relações de Abigail com seus filhos e com alguns moradores da cidade. Sem estragar as surpresas, basta dizer que as evidências apontam aos poucos para contatos com seres estranhos, e que a tensão do filme cresce de forma muito bem orquestrada.
Produção
O grande truque empregado em Contatos é que logo no começo é revelado que a atriz Mila Jovovich interpreta uma pessoa da vida real, que é a Dra. Tyler. Embora a maior parte da história consista de filmagem "padrão Hollywood", as tomadas se alternam ocasionalmente entre filmagens e gravações caseiras, feitas pela Dra. Tyler no decorrer de suas sessões. As interposições de cenas são muito bem feitas, e em alguns momentos há combinações de vários ângulos, misturando imagens "produzidas" e "reais". Apesar de tocar em temas de ficção científica, não há muitos efeitos especiais, mantendo a produção menos extravagante. A atuação de Mila Jovovich é boa, mas a atriz continua fortemente marcada pela personagem Alice, da série Resident Evil.A trilha sonora também é bastante competente e pouco invasiva. Esse é um ponto positivo, pois os pontos mais fortes do filme são justamente os diálogos entre a Dra Tyler e seus pacientes, juntamente com as gravações reais que se intercalam.
Opinião
Contatos de Quarto Grau se vende como um filme de alienígenas, mas não é uma ficção alegórica com naves espaciais cruzando a galáxia e seres bizarros com vários olhos. Os extraterrestres são apenas um mecanismo para se contar uma boa história de suspense. O filme se desenrola muito bem, revelando partes de um mistério de forma bem compassada. Há momentos chave que constroem a tensão e assustam, e esses se apresentam em um ritmo muito bom."Assustar" é também um ponto crítico. Há apenas dois ou três sustos baratos, daqueles que pegam o espectador sem defesa com violinos estridentes. O horror é construído de forma sutil e inteligente, sem esfregar nada na sua cara, usando bastante a ambientação e a imaginação. Há momentos interessantes que criam desconforto utilizando apenas gravações de voz de baixa qualidade.
Acho difícil encontrar um filme genuinamente assustador, talvez o cinema tenha me deixado insensível com o passar do tempo. Mas o desconforto criado por Contatos de Quarto Grau é genuíno. Merece ser assistido no escuro, com um bom equipamento de som, e de preferência sozinho.
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